Freguesia de Miragaia
A Freguesia de Miragaia é também conhecida pela designação de S. Lourenço de A-dos-Francos, ou simplesmente como S. Lourenço dos Francos.
Dista 5 km da sede do concelho e tem uma área de 12,3 Km2 repartida pelos lugares de Miragaia, Papagovas, Vale de Lobos, Cabeça Gorda, Casal do Araújo, Casal das Campainhas, Casal do Rijo e Casalinho das Oliveiras, entre outros.
É por isso um povoamento disperso, herdeiro dum passado rural caracterizado pela exploração de terras, por casais de agricultores dispersos pelo termo da vila de Lourinhã.
Foram precisamente os casais dos lugares de Miragaia, Marteleira, Joaria, Ribeira de Palheiros, Papagovas, Vale de Lobos e outros mais dispersos, quem tomou a iniciativa de solicitar a criação duma paróquia, no ano de 1555. Até ai pertenciam à de Nossa Senhora da Anunciação da Lourinhã, que ficava longe.
O arcebispo de Lisboa criou então a paróquia de S. Lourenço dos Francos, assim chamada por ter sido escolhida por Matriz, a arruinada Igreja do Convento de S. Lourenço dos Francos, que fora dos frades Agostinhos e estava abandonado.
Este Mosteiro de S. Lourenço, teria sido fundado no séc. IX, mais ou menos no tempo em que se terá fundado o Convento de Penafirme e outros na região da Estremadura. Situar-se-ia junto a um povoado denominado Monardo dos Francos e à margem duma ribeira. Entre 1394 e 1396 foi prior neste Convento, S. Gonçalo de Lagos. Veio a ser oficialmente extinto em 1555.
Quanto à referência à povoação de Monardo, há notícias de que, nas imediações da Igreja de S. Lourenço, foram encontrados vestígios de residências, talvez romanas, bem como de uma conduta de abastecimento de água.
Para a constituição da paróquia tiveram de reconstruir a igreja, dando-lhe a feição típica da arquitectura do renascimento rural estremenho. Tem um belo silhar de azulejos, tipo tapete, a revestir o baptistério (séc. XVII) e boas imagens em pedra policromada do séc. XVIII.
O templo foi reconstruído de novo em 1687 e a capela-mor foi-lhe acrescentada em 1737. Curiosamente, nas obras então efectuadas, foram incorporadas na parede exterior da cabeceira, duas lápides romanas, votivas, que testemunham de certa forma, a romanização da região.
As terras que integram a Freguesia são de boa aptidão agrícola e, ao longo do tempo, a agricultura foi sempre a principal fonte de rendimento das famílias. Modernamente juntou-se-lhe a pecuária, principalmente a suinicultura e avicultura e por arrastamento a indústria de preparação de rações para animais e os matadouros de aves. Neste último sector, tem havido o cuidado de acompanhar a evolução tecnológica e pode dizer-se que é um sector económico em progresso.
Em 1527, a paróquia de S. Lourenço tinha 57 vizinhos, o que daria um total de apenas 175 moradores. Era uma terra rodeada de pinhais e arvoredos, facto que estaria na origem do topónimo Montegayo ou Monagavo, como chegou a dizer-se, antes de passar a ser Miragaia. Quanto à alteração da denominação de S. Lourenço para Miragaia, só se verificou após a Implantação da República.
Freguesia da Marteleira
A Marteleira é uma Freguesia do concelho da Lourinhã, criada em 1984.
Marteleira é um nome de origem romana, conforme refere Frei João de Santo Estêvão em “Crónica do Mosteiro de S. Lourenço dos Francos: “Esta povoação chamou-se antigamente de Marticolaria, que vale o mesmo que lugar onde se venera Marte, compondo-se este nome de Marte ou Mars, nome de um deus que os gentios adoram por deus da guerra e do nome do Alto, que quer dizer honrar; assim, é o nome do sítio onde se honra o deus Marte”. Diz a lenda que por aqui existiu a cidade romana de Monardo, fundada pelo célebre Aníbal. Mais tarde, e continuamos a seguir a tradição popular, aqui se fixaram os francos de D. Jordão, daí o nome de S. Lourenço dos Francos que mais tarde a Freguesia de Miragaia recebeu.
A ser verdade a tese explanada por Frei João de Santo Estêvão, como parece que é, o povoamento de Marteleira remontará à época romana, ou até a um período anterior. Aqui terá existido, muito possivelmente, um templo pagão consagrado àquele deus, mas dele não resta qualquer vestígio.
A sucessora deste templo terá sido, se assim se pode dizer, a capela de S. Sebastião. Foi construída no séc. XVI e iniciou a partir daí uma devoção popular que se mantém nos dias de hoje. Segundo a tradição, o povo cumpriu a promessa feita algum tempo antes, quando uma terrível peste assolou toda a região, poupando apenas esta Freguesia de Marteleira e a vizinha de Vale de Lobos. Foi em redor da capela de S. Sebastião que a povoação se começou a desenvolver. Aí se construíram casas, aí se fixaram famílias inteiras, aí se instalaram os principais serviços e actividades económicas necessárias ao dia-a-dia da sua população. Em finais do século passado, o rumo escolhido para crescer era outro. A Marteleira passou a dirigir-se à estrada real que ligava Torres Vedras à Lourinhã escolhendo assim um território que se iria revelar de importância fundamental para o seu futuro.
Em 1527, e recuamos agora no tempo, a Marteleira tinha apenas catorze vizinhos, ou seja, fogos. A esse número deveriam corresponder cerca de sessenta habitantes. Vale de Lobos, por seu lado, tinha apenas quarenta moradores. Constam estes dados do primeiro numeramento populacional mandado efectuar em Portugal, era Rei D. João II. Chamou-se a este primeiro numeramento o “Cadastro da População do Reino”.
Em termos administrativos, a Freguesia da Marteleira foi criada, com independência administrativa, em 31 de Dezembro de 1984, através do desmembramento do território da Freguesia de Miragaia. Desde sempre, aliás, a Marteleira esteve dependente de outras terras. Até 1555, fez parte da Freguesia de Santa Maria de Lourinhã, hoje Nossa Senhora da Anunciação. Nessa mesma data, os irmãos da Confraria de S. Lourenço dos Francos pediram ao arcebispo de Lisboa, D. Femando de Vasconcelos e Meneses, a criação de uma nova Freguesia, tendo por orago S. Lourenço e que abrangia os lugares de Miragaia, Joaria, Marteleira, Ribeira, Papagovas, Vale de Lobos e outros casais aí existentes. O primeiro daqueles constituía, logicamente, a sede do novo espaço.
Em 1984 procede-se à elevação da Marteleira à categoria de Freguesia. Um processo que se iníciou depois de verificado o extraordinário desenvolvimento que o lugar vinha registando. A nova Freguesia passou a contar com os lugares de Vale de Lobos, Cabeça Gorda, Carrasqueira, Casais do Araújo, Casais do Forno, Casais do Arneiro e Casais do Grilo.
Os poderes locais, que há muito lutavam por este desiderato, justificavam da seguinte forma, em decreto-lei de 1983, a sua pretensão: “Considerando que é aspiração da maioria da população dos lugares de Vale de Lobos, Cabeça Gorda, Carrasqueira, Casais do Araújo, Casais do Forno, Casais do Arneiro e Casais do Grilo a elevação da área onde se encontram implantados os seus lugares a Freguesia; Considerando que tal solução corresponde aos interesses sócio-económicos da região; Considerando que a nova Freguesia ficará com cerca de dois mil e quinhentos habitantes e um considerável desenvolvimento económico, em virtude do seu comércio e da sua indústria de criação e abate de frangos, fábrica de rações, aviários e explorações agro-pecuárias, garantindo à nova Freguesia as receitas ordinárias suficientes para ocorrer aos seus encargos; Considerando que a Freguesia de origem, Miragaia, não fica privada dos recursos indispensáveis à sua manutenção e que a sua junta de Freguesia, em reunião de 14 de Março de 1979, aprovou a criação da nova Freguesia; Considerando que na área da nova Freguesia existem pessoas aptas ao desempenho de funções administrativas e à composição e renovação dos órgãos da autarquia; Considerando que a criação da nova Freguesia foi requerida pela maioria absoluta dos chefes de família residentes na respectiva área; (…) É criada a Freguesia da Marteleira no concelho da Lourinhã, do distrito de Lisboa, cuja área se integrava na Freguesia de Miragaia”.
Assim se fez, um ano depois. A Marteleira é hoje uma das mais importantes Freguesias deste concelho e uma das mais povoadas, facto que vem dar razão a todos aqueles que durante anos exigiram a elevação do lugar à categoria de Freguesia. A paróquia de Marteleira, por seu lado, foi criada em 20 de Agosto de 1986 pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro.