A Idade Média

O território da União das Freguesias de Miragaia e Marteleira, com cerca de 20Km2 pertenceu até ano de 1555 à paróquia de Nossa Senhora da Anunciação da Lourinhã. Pertenciam a este território vários lugares povoados por casais de agricultores dispersos pelo termo da vila de Lourinhã. Em 1527, a paróquia de S. Lourenço tinha 57 vizinhos, o que daria um total de apenas 175 moradores. Entre os principais povoados estavam os lugares de Miragaia, Papagovas, Vale de Lobos, Cabeça Gorda, Casal do Araújo, Casal das Campainhas, Casal do Rijo e Casalinho das Oliveiras. Foram precisamente estes lugares que tomaram a iniciativa de solicitar a criação duma paróquia.

O arcebispo de Lisboa criou então a Paróquia de S. Lourenço dos Francos, assim chamada por ter sido escolhida por Matriz, a arruinada Igreja do Convento de S. Lourenço dos Francos, criado pelos frades Agostinhos entretanto abandonado. Este teria sido fundado no séc. IX, mais ou menos no tempo em que se terá fundado o Convento de Penafirme e outros na região. Situar-­se-ia junto a um povoado denominado Monardo dos Francos, Era uma terra rodeada de pinhais e arvoredos, facto que estaria na origem do topónimo Montegayo ou Monagavo e à margem duma ribeira. De realçar que entre 1394 e 1396 foi prior neste Convento, S. Gonçalo de Lagos.

Para a constituição da paróquia tiveram de reconstruir a igreja, em 1687 e a capela-mor foi-lhe acrescentada em 1737. Curiosamente, nas obras então efetuadas, foram incorporadas na parede exterior da cabeceira, duas lápides romanas, votivas, que testemunham de certa forma, a romanização da região. Há referências de que, nas imediações da Igreja de S. Lourenço, foram encontrados vestígios de residências, talvez romanas, bem como de uma conduta de abastecimento de água. Tem um belo silhar de azulejos, tipo tapete, a revestir o baptistério (séc. XVII) e boas imagens em pedra policromada do séc. XVIII, dando-lhe a feição típica da arquitetura do renascimento rural.

As terras que integram a Freguesia são de boa aptidão agrícola e, ao longo do tempo, a agricultura foi sempre a principal fonte de rendimento das famílias. Modernamente juntou-se-­lhe a pecuária, principalmente a suinicultura e avicultura e por arrastamento a indústria de preparação de rações para animais e os matadouros de aves. Neste último sector, tem havido o cuidado de acompanhar a evolução tecnológica e pode dizer-se que é um sector económico em progresso.

Quanto à alteração da denominação de S. Lourenço para Miragaia, só se verificou após a Implantação da República.

Marteleira

A Freguesia de Marteleira foi criada em 1984, por divisão da Freguesia de Miragaia e era constituída pelos lugares de Marteleira, Vale de Lobos, Carrasqueira, Casais do Araújo, Casais do Forno, Casais do Arieiro, Casais do Grilo, Casais S. Miguel, Casais do Brejo e Cabeça Gorda.

Marteleira é um nome de origem romana, conforme refere Frei João de Santo Estêvão em “Crónica do Mosteiro de S. Lourenço dos Francos”. Frei João explicita: “Esta freguesia denominou-se, no passado, Marticolaria, que vale o mesmo que lugar onde se venera Marte, compondo-se este nome de Marte ou Mars, nome de um deus que os gentios adoram por deus da guerra e do nome do alto, que quer dizer honrar; assim é o nome do sítio onde se honra o deus Marte”.

Já o nome Cabeça Gorda reporta a uma alcunha atribuída a uma senhora de baixa estatura com uma cabeça muito grande, desproporcional em relação ao seu corpo. Habitava num casal perto de um moinho, em Alto Gordo, Diz a lenda, que um rei mouro passava pela região a cavalo, transportando um tesouro. O animal se cansou em Vila Cansaia, hoje Vila Facaia, então o rei chamou ao monte mais próximo o Alto Gordo. O casal passou então a ser conhecido como Cabeça Gorda.

A União das Freguesias

Constituída em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, pela agregação das antigas freguesias de Miragaia e Marteleira. A sede da nova freguesia situa-se em Miragaia, a mais povoada das duas freguesias que estiveram na sua origem e tem cerca de 3479 habitantes (censos de 2021).


Heráldica

MIRAGAIA

Brasão: Escudo de prata, uma palma de verde e uma grelha de vermelho, passadas em aspa; em ponta, um cacho de uvas de púrpura, folhado de verde. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “MIRAGAIA – LOURINHÃ

Bandeira: Verde. Cordão e borlas de prata e verde. Haste e lança de ouro.
Selo: Nos termos da Lei, com a legenda: “Junta de Freguesia de Miragaia – Lourinhã“.

SIMBOLOGIA

Palma e Grelha: São os atributos de São Lourenço, orago da freguesia
Cacho de uvas: Representa a riqueza agrícola da freguesia, nomeadamente a produção de vinho e o seu comércio.

  • Parecer favorável da Associação dos Arqueólogos Portugueses a 9 de Agosto de 1999
  • Registado na Direcção-Geral das Autarquias Locais com o n.º 114/2000 de 15 de Maio
  • Publicado em Diário da República n.º 247, III Série, de 22 de Outubro de 1999

MARTELEIRA

Brasão: Escudo Azul, três setas enfeixadas de prata, atadas de ouro. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas “MARTELEIRA”.

Bandeira: Branca, Cordão e borlas de prata e azul. Haste e lança de ouro.

Selo: Nos termos da Lei, com a legenda “JUNTA DE FREGUESIA DE MARTELEIRA – LOURINHÔ

SIMBOLOGIA

As três setas – São o atributo de S. Sebastião, padroeiro da freguesia